Goldman Sachs: Enfraquecimento do Dólar é Crucial para Sustentar a Demanda Estrangeira por Ativos dos EUA

Goldman Sachs: Enfraquecimento do Dólar é Crucial para Sustentar a Demanda Estrangeira por Ativos dos EUA
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NOVA YORK (Reuters) – A disposição de investidores internacionais em adquirir ativos dos Estados Unidos pode enfraquecer, a menos que o dólar perca mais valor, observou Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs. Ele destacou que é antecipada uma tendência de baixa, independentemente de uma recessão econômica notável.

“O dólar encontra-se ainda sobrevalorizado… Prevejo que os investidores estrangeiros estejam menos inclinados a aumentar a proporção de ativos dos EUA em seus portfólios”, declarou Hatzius em entrevista.
Apesar das vantagens competitivas dos EUA, como suas elevadas tendências de produtividade frente à Europa, o desempenho relativo do país vem se deteriorando, o que tende a ficar mais evidenciado nos mercados de câmbio, destacou Hatzius.

Os Estados Unidos, com um déficit em conta corrente superior a um trilhão de dólares, dependem da demanda externa para financiar seu déficit comercial, informou Hatzius. No entanto, com elevados níveis de ativos dos EUA já presentes nos portfólios internacionais, será desafiador sustentar essas necessidades de financiamento sem uma desvalorização adicional do dólar, completou ele.

Desde a posse de Donald Trump, o índice do dólar registrou uma queda de aproximadamente 9%, impactado pelos planos governamentais de aplicar tarifas a parceiros comerciais, o que abalou investidores e afetou os mercados financeiros.
O risco de desaceleração da economia americana ganhou notoriedade recentemente, em meio às políticas protecionistas do governo Trump. Hatzius acrescentou, contudo, que o dólar deverá seguir em rota descendente, mesmo sem uma recessão nos EUA.

“Se a economia desacelerar mais e o (Federal Reserve) diminuir ulteriormente a taxa de juros, isso intensificaria o cenário… mas não propugno a desvalorização do dólar com base em uma previsão de recessão ou cortes de juros agressivos; acredito que haverá um declínio do dólar mesmo com ajustes relativamente moderados”, explicou Hatzius.

O Fed poderia considerar reduzir a taxa de juros na próxima reunião de política monetária se não estivesse condicionado pelo impacto inflacionário das tarifas, ponderou Hatzius. “Não fosse o choque negativo no crescimento simultâneo com um aumento inflacionário, o Fed possivelmente já estaria cogitando um corte”, adicionou.

Na semana anterior, dirigentes do Fed consideraram que o banco central dos EUA pode estar aberto a diminuições nas taxas de juros nos próximos meses, caso o impacto inflacionário das tarifas se prove transitório. Estas observações seguiram uma declaração do presidente do Fed, Jerome Powell, que deixou investidores receosos acerca da hesitação do banco central em reduzir as taxas de juros.

O Goldman Sachs antecipa uma contração no crescimento econômico dos EUA no primeiro trimestre, mas não prevê uma recessão para 2023, apesar de Hatzius assinalar que as previsões econômicas são dificultadas pela alta incerteza sobre tarifas. A estimativa preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) para o primeiro trimestre será divulgada na quarta-feira, devendo indicar uma acentuada desaceleração para 0,3%, ante os 2,4% do quarto trimestre, segundo pesquisa da Reuters. O Goldman projeta que o crescimento econômico dos EUA diminua para 0,5% no quarto trimestre do ano em relação ao ano anterior, e antevê três cortes nas taxas de juros, de 25 pontos-base cada, nos meses de junho, julho e setembro.

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